"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Homem-Retalho


Conto baseado na narração da lenda descrita na série “Altered Carbon”


As portas da loucura estavam abertas. Éder viu o amor de sua vida ser assassinada brutalmente na sua frente sem que pudesse fazer nada. Ambos estavam metidos com agiotas, e foram cobrados da pior maneira possível, a dívida estava em quase um milhão de reais, Marta foi sacrificada na sua frente com um facão, a primeira estocada cravou até a metade do seu pescoço e o sangue jorrou, mas por um momento ela ainda estava viva. Na segunda foi até o fim, depois da terceira estocada arrancou sua cabeça a deixando ligada apenas por um vaso sanguíneo, que ele viu lentamente esticar com o peso até romper. O seu algoz pegou a cabeça, que ainda parecia estar viva, e o fez beijar. Deu o prazo de mais um mês para ele arranjar o dinheiro, se não teria o mesmo fim.


O que os agiotas não sabiam é que Maria tinha dois filhos de outro casamento, um de 5 e outro de 7, ambos estavam recentemente morando com eles. Éder ainda transtornado deu a noticia da morte da mãe deles sem nenhum tipo de compaixão. Estava com uma sacola, o obrigaram a levar a cabeça da mulher pra casa, ele derruba e seus enteados olham apavorados a cabeça da mãe deles.


Éder se comportava como um zumbi, andava desnorteado sem demonstrar emoção nenhuma no rosto. As duas crianças começaram a chorar descontroladamente, aqueles sons foram entrando pelos ouvidos dele e o deixando com uma fúria incontrolável. Com o sangue da sua amada ainda na roupa a loucura tomou conta do seu ser, lembrando de uma história contada por sua avó quando criança, sobre um monstro feito de crianças, ele fez o impensável.

 A fúria o cegou completamente, o facão também estava dentro da sacola, sem em nenhum momento hesitar pega e parte pra cima dos dois sem piedade, esquarteja ambos sem dificuldades. O banho de sangue pintou toda a sala de vermelho, os dois foram reduzidos a pedaços espalhados pelo chão.

Ainda tomado pela loucura, ele começou a juntar algumas partes das crianças até formar um inteiro, com uma agulha e linha começou a costurar essas partes variadas fazendo um desejo – Desperte e mate quem matou o amor da minha vida. – durante um tempo nada aconteceu, o ódio de dentro dele parecia estar saindo de seu corpo e entrando no retalho das crianças costuradas, o monstro criou vida e se levantou na sua frente.



A criatura era toda desengonçada, mesmo assim assustadora, retirou o facão de Éder e o enfiou no seu queixo de baixo pra cima saindo no seu cérebro, o retalho puxa o facão de volta dividindo a cara de Éder ao meio.

O monstro ainda não estava satisfeito, foi criado por ódio com sede de vingança. O homem-retalho foi atrás dos agiotas e não demorou muito pra achá-los e acabar com cada um deles. O monstro agora estava sem propósito e seu corpo deteriorava com o tempo, então ficou vagando eternamente nas sombras caçando crianças para trocar as partes do seu corpo.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A Mulher Que Sonhava Com A Morte


A chuva tinha iniciado de repente, sem anúncios ou apresentações. Rita tinha olhado os telejornais durante o dia inteiro e nada de chuva nas previsões, cada gota que batia na janela de seu quarto fazia um barulho estranho, parecia alguém dando pequenos toques no vidro. A madrugada estava chegando com força, mas ela não queria de maneira nenhuma dormir, tinha pesadelos constantemente com pessoas morrendo, e para seu espanto certas mortes aconteciam realmente como nos seus sonhos. Não queria acreditar que isso de premonição era real, mas ela sabia que era.

Um desses pesadelos a deixou traumatizada, ano passado sonhou com sua filha morrendo em chamas, no dia seguinte sua filha e seu marido morreram em um acidente de carro, ambos foram carbonizados presos dentro do automóvel. Teve que se internar em uma clínica para não morrer de depressão, uma das forças que a fez resistir foi seu filho de sete anos que precisava dela, mesmo depois do ocorrido, ter ido morar com a avó.


A maioria dos seus sonhos eram com pessoas desconhecidas em lugares que ela nem conhecia, o que ela temia era sonhar com outro familiar, isso a fez ficar viciada em remédios para não dormir, conseguiu se acostumar a dormir dia sim e dia não, mesmo isso fazendo um efeito muito negativo na sua vida.

A chuva aumentou gradativamente, já fazia dois dias que ela não dormia, estava sozinha em casa e o sono estava vindo com força. Levantou do sofá onde estava, pois a televisão já não estava dando conta, foi até a cozinha e tomou um copo de energético e mais dois remédios, mesmo assim estava sonolenta e com a visão turva.

Ela estava dirigindo seu carro para ir trabalhar, o clima já estava bom, a chuva que era constante havia desaparecido, o sol da manhã reinava brilhoso no céu, toda a agonia, o medo, a sensação de pavor em cada minuto havia desaparecido. Ajeitou o cinto, mexeu no espelho, ligou o carro, estava pronta pra sair, um fio de esperança era única coisa que via no momento. Pisou no acelerador e sentiu o impacto, logo depois o segundo. A roda da frente e traseira tinham passado encima de alguma coisa. Ela desce do carro e encontra seu filho com a cabeça estourada.

Rita acorda, já era de manhã, sua roupa molhada de suor, estava no chão da cozinha, tinha apagado ali mesmo, não conseguiu impedir mais um sonho de morte, depois da sua filha, agora era seu filho. Ela levanta do chão com dores no corpo todo, nem teve tempo de se recuperar a campainha toca.

Rita abre a porta e era o seu filho, o desespero toma conta dela, o pesadelo ainda estava muito nítido na sua cabeça, precisava de qualquer maneira afastar ele, dessa vez ela achava que poderia impedir a visão.

Grita com ele, pede para ir embora o mais rápido possível, ele não entende e tenta resistir. Rita então vê que o único jeito de afastá-lo é sendo cruel, ela grita que a única que amava era sua irmã, que ele não passava de um estorvo em sua vida, e nunca mais queria ver ele. O garoto então vai embora chorando.


Rita com o coração partido o olha indo embora pela janela, o garoto distraído não olha quando atravessa a rua, tropeça no paralelepípedo caindo na rua, um carro em alta velocidade passa por cima de sua cabeça.

Ela fica ainda um longo tempo na janela catatônica, seu coração parecia que tinha parado de bater, os pensamentos tinham sumido da sua mente, a dor e sofrimento tinham tomado conta de tudo. Rita caminha como se apenas fosse levada por alguma força externa, chega até a cozinha pega uma faca, sem piscar ou hesitar passa a lâmina no pescoço, o sangue escorre pelo corpo, assim que a faca cai no chão uma criatura que estava escondida nas sombras se revela, segura o pescoço de Rita não deixando mais o sangue escorrer.


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