"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Fábula - A Borboleta Azul e a Formiga - e o Jardim do Raio Azul




O formigueiro foi se distanciando enquanto a formiguinha apenas observava, depois do ataque de um animal de língua comprida, ela perdeu duas patas laterais da esquerda, mal conseguia caminhar, trabalhar então, era impossível. Decidiu por conta própria abandonar o formigueiro para não ser um fardo. Ela que era o orgulho do formigueiro, que amava ser formiga, agora era descartável e sem propósito.


A chuva logo veio e sem ninguém pra ajudá-la foi levada pela água e pelo vento, sem forças para se proteger, decidiu que já era a hora de sua vida acabar. Antes de perder a consciência viu uma mancha azul.


Acordou e estava em um lugar diferente, diferente de tudo que já tinha visto antes. Um jardim verde com diversos pontos azuis flutuando de um lado para o outro.

- Finalmente acordou, já estava ficando preocupada! – demorou pra formiguinha perceber, pois de perto ela tinha o rosto parecido com o dela, mas quando se afastou um pouco viu suas grandes asas azuis.

- Onde estou? Quem é você?

- Você foi escolhido para entrar no Jardim do Raio Azul!

- O que? Eu não deveria estar aqui.

- Não se preocupa aqui você não é uma prisioneira, tem a liberdade de ir onde quiser.

- Quero ir embora então! - A formiga se levantou da cama forrada de algodão onde estava, mas mal conseguia caminhar sem suas patinhas. – Acho que posso ficar mais um pouco deitada.

- Está vendo aqueles dois pedacinhos de graveto ali? – e apontou pro lado da cama. – Foram feitas pra você! Coloque-as, por favor, e vamos dar uma volta.

Depois de relutar um pouco ela colocou as “próteses”, e as duas foram caminhar pelo jardim.

- A vida é um eterno ciclo, tudo é finito, as coisas vem e vão e você tem que aproveitar enquanto as tem, mas quando acaba você tem que deixar ir, não pode ficar presa a isso.

- Quero só me recuperar e voltar ao meu formigueiro.

Eles andaram por toda a extensão do jardim, passaram por diversos outros animais, todos com algum tipo de problema sendo ajudados por alguma borboleta.

- O que vocês são na verdade?

- Você tem uma escolha formiguinha, ou volta pra onde estava ficando eternamente no ponto em que terminou, ou se esforça um pouco e se transforma em outra coisa, mas essa escolha tem uma validade.

- Quando eu terei que decidir?

- Você saberá quando! Vamos continuar a caminhar.


Depois de um longo tempo caminhando pelo jardim, que parecia nunca acabar, eles encontraram outra formiga.

- Que bom! Outra formiga.

Eles conversaram e essa outra formiga contou que foi pisada por algo e queria voltar pro seu formigueiro. A borboleta então explicou tudo, e ela então resolveu ficar.

- Eu posso fazer a mesma coisa que você fez com essa formiga?

- Claro que pode é só querer.

- Então é isso que eu quero.

- Você só precisa agora encontrar com o Raio azul!

- Como?

- Venha comigo.

Eles caminharam até o lugar mais distante do jardim, até ficarem mais longe no horizonte. Um raio azul caiu do chão encima da formiga, um casulo cresceu em sua volta, ela hibernou durante um tempo, quando acordou não era mais uma formiga, era agora uma borboleta azul.


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