"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Visões da Filha do Diabo


A Madre Tereza acorda cedo como de costume, desamarra seus longos cabelos pretos que estavam presos por uma fita, se espreguiça como sempre faz ao levantar, retira seu pijama e coloca o seu hábito para começar as suas primeiras rezas. O sol ainda não tinha dado as caras para o início da manhã, os passarinhos ainda se mantinham silenciosos. Uma brisa gelada passa pela janela, fazendo a Madre ter calafrios espontâneos, caminha até a janela olhando para a rua, que estava deserta, muito incomum mesmo para aquele horário, sempre tinha alguém na parada esperando o primeiro ônibus a circular. Ela sempre cumprimentada quem estivesse ali seja ela quem for, mas dessa vez passou em branco.


Ajoelha-se na cama e começa suas orações de começo do dia, mas teve que parar imediatamente quando um passarinho bate na sua janela com força, parecia que vinha em um mergulho veloz até o vidro, não resistiu morreu com o pescoço quebrado, a Madre decidiu homenageá-lo dedicando algumas das orações para ele.

Poucos minutos depois de terminar todas as preces, a freira Dorothy bateu na sua porta.

- Bom dia, Madre!

- Bom dia, irmã! Despertou cedo hoje, antes do sol nascer, já está pegando as minhas manias!?

- Não Madre, já viu que horas são?


Tereza olhou para o relógio que ficava encima de sua porta, estava tão acostumada a acordar no mesmo horário que nem se dava o trabalho de olhar o relógio. Já eram oito horas da manhã, algo estava errado, o sol ainda nem mostrava sinal de aparecer, e mesmo que estivesse nublado, o que não era o caso, pelo menos uma claridade tinha que ter, mas a escuridão era total e absoluta, o breu era a única coisa visível a alguns metros de distância. As duas saem do quarto.

- O que será isso Madre? – Dorothy estava assustada.

- Já viu se esse relógio está mesmo certo?

- Sim, vi sim.

- Não deve ser nada, ás vezes o sol demora a nascer.

- Mas se não for isso, e se tiver começado o juízo final?

- Não fale besteira Dorothy, vamos temos muito que fazer hoje, cadê o resto das irmãs?

Dorothy não teve tempo de responder a pergunta, escutam batidas na porta de entrada do Convento, batidas fortes e constantes. Tereza se encaminha para abrir, mas Dorothy a segura pelo braço.

- Estou com um mau pressentimento Madre! – ela estava com os olhos arregalados.

Tereza não deu bola para a suplica dela e se dirigiu até a porta, demorou a abrir por alguns segundos, pois escutou um tipo de choro no outro lado, abriu a porta com rapidez. Não tinha ninguém no outro lado, olhou pro céu e estava preto como se fosse de madrugada ainda, algumas luzes que iluminavam a rua estavam apagadas, o que dava uma sensação fantasmagórica ao local.


Tereza se vira para fechar a porta e um vulto preto pula encima dela, uma garota enlouquecida estava nas suas costas, fazia um tipo de grunhido com a boca, ambas caem no chão, a Madre tenta se desvencilhar, mas é mordida no braço, os dentes da garota pareciam podres. A mordida arranca um pedaço de carne, Dorothy desesperada tenta ajudar de alguma forma, quando toca na garota desesperada ela para, a observa com um olhar de terror, sai de cima de Tereza e vai pro canto como se estivesse com medo de Dorothy.

Dorothy se ajoelha no chão com o olhar fixo para frente, suas íris tinham desaparecido ficando apenas com os olhos brancos assustadores, Tereza levanta confusa enquanto ela começa a falar com uma voz distorcida e alta.

- A película do turvamento foi ultrapassada, os herdeiros do grande pilar da criação vão sugar tudo o que é deles por direito. Hoje a ascensão eterna do mal começa. – ela cai no chão babando.

Continua...



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