"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sábado, 26 de março de 2016

Coelhinho da Páscoa Que Trazes pra Mim?






 Morte

“O Coelho da Páscoa é um dos símbolos pascais, utilizado por representar a fertilidade, o nascimento e a esperança da vida. Neste contexto, para os cristãos, o coelho seria uma das representações da ressurreição de Jesus Cristo. Alguns povos antigos relacionavam este animal com a chegada do fim do inverno e começo da primavera, como um simbolismo do “renascimento da vida”. Os coelhos eram os primeiros animais a abandonarem as suas tocas quando a primavera começava.”

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A páscoa desse ano iria ser farta na casa dos Oliveira, uma grande família politica de São Paulo, o patriarca da família João Marcos Oliveira envolvido em diversos esquemas de corrupção no governo, era um temido Senador, algumas pessoas diziam que ele tinha sido apadrinhado pelo ex-presidente Collor e que uma ligação com o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a sua mulher Adelaide Nobre Oliveira, deputada federal, diversas vezes investigada em CPIs, tinha um patrimônio pessoal milionário muito além do que deveria ter, o filho mais velho estava seguindo pelo mesmo caminho corrupto que os pais, Pedro Marcos Oliveira tinha conseguido uma vaga no gabinete da prefeitura. E seus filhos gêmeos mais novos estavam sendo preparados pra algum cargo no senado.

O domingo de páscoa amanheceu chuvoso, os gêmeos acordaram loucos pra abrir os ovos e comer os chocolates, mas antes a família toda deveria ir à igreja assistir a missa e só depois abrir, depois de João Marcos dar alguns telefones longos, eles finalmente saíram. O motorista já estava esperando por eles, Adelaide o manda desligar o rádio, pois estava passando uma reportagem da investigação Lava-jato.


A missa não demorou muito e logo eles estavam novamente em casa, para o espanto deles encima da mesa tinha um ovo de páscoa desconhecido, enorme era quase do tamanho de um adulto, o papel que estava enrolado era bem simples, azul quase transparente, os gêmeos adoraram a surpresa, mas o resto ficou confuso, não tinham autorizado ninguém a entrar na casa quanto mais deixar uma surpresa, e também não faziam ideia de quem poderia ter deixado aquilo ali, todos os empregados estavam de folga, e o motorista estava com eles esperando do lado de fora a missa acabar.

O ovo começou a se mexer encima da mesa, fazia um movimento pra frente e pra traz como se alguma coisa dentro dele estivesse tentando se mexer, todos se assustaram com a movimentação, eles se entre olham confusos, de dentro do ovo escutam um barulho estranho, um tipo de choro abafado, João Marcos se aproxima mesmo com a desaprovação de Adelaide, bem devagar ele cutuca, mas se afasta tropeça e cai no chão quando o ovo começa a rachar.

Adelaide abraça os filhos, aos poucos o ovo começa a abrir, eles veem um olho os observando do pedaço que já tinha rachado e caído, um olho grande e amarelo que olhava fixamente, sentiram uma sensação igual à de uma zebra acuada por um leão, estavam prestes a ser caçados por alguma coisa que estava tentando sair dali de dentro.

Adelaide com seus filhos sobe as escadas pro quarto, João Marcos fica na cozinha tentando achar alguma coisa pra atacar o que saísse dali. Algum tempo se passou e nenhum barulho ou sinal de seu marido, aquela espera misturada com a tensão e o medo estava sendo demais pra ela, então resolveu descer, mandou seus filhos ficarem quietos que ela já voltava, mas não voltou, Pedro Marcos estava tremendo de medo e não fez nada quando os gêmeos decidiram descer pra encontrar os seus pais.

Quase uma hora se passou e Pedro Marcos continuava no mesmo lugar, dentro do closet tremendo de medo, tentando deixar de lado toda a sua covardia e mesmo com suas pernas quase não o obedecendo decidiu descer também, assim que desceu as escadas encontrou um braço decepado no ultimo degrau, em todo o chão rastros vermelhos desenhavam uma pintura macabra.

Diversos olhos o observavam por todo o lado, poderia ser dez ou talvez até cem, ele não teve tempo de contar, pequenos coelhos de diversas cores, mas todos com dentes enormes se espreitavam pelos cantos farejando o seu sangue, sem a chance de ter um poder de reação, um dos coelhinhos pula no seu pescoço arrancando um pedaço, ele se ajoelha no chão gritando de dor enquanto o coelhinho ainda estava pendurado no seu pescoço. Dezenas de outros pulam em seu corpo, um deles arranca a sua língua, ele engasga no próprio sangue enquanto é dilacerado por dentes afiados.


sexta-feira, 11 de março de 2016

O Rio dos Mortos que Respiram



Ela correu o máximo que deu, o barro da chuva sobre a terra e o mato dificultava a corrida, o resto dos seus amigos já estavam mortos, ela era a única sobrevivente, mas talvez por pouco tempo, tentou correr em linha reta pra achar a estrada, mas com certeza estava perdida, seu choro sendo misturado com as gotas de chuva se perdiam sobre seu rosto, o desespero ia crescendo a cada passo que dava, sem rumo e extremamente cansada ela caí no chão, esperando que por um milagre ela fosse poupada, o que não aconteceu, segundos depois diversas pessoas com aparência horrível a encontraram, a pele estava como se estivesse derretida, olhos saltados, roupas rasgadas e velhas, pegaram ela pelo pé atravessaram a mata de volta pro rio e foram pro fundo.



Mariete tinha acabado de estacionar o carro braba, não aguentava mais a bagunça organizada por Juliana, Edson, Rebeca e Andressa, que vinham cantando músicas bregas pelo caminho, eles vinham acampar perto do rio, Washington, que tinha ido mais cedo, já estava com a barraca armada esperando eles. Fazia um tempo que Mariete queria levar os amigos nesse passeio, mas o seu trabalho como executiva de uma multinacional sempre a mantinha ocupada.

- Até que enfim chegaram! – Washington falou assim que viu eles.

- E já está de “barraca armada” nos esperando, que medo! – Rebeca soltou uma piada.

- Tuas piadas só melhoram. – ele retrucou.

- Deixa ela “Was”, o carro chocalhou muito o cérebro dela durante a viagem. – Juliana se aproximou e o abraçou logo depois Edson e Andressa fizeram o mesmo.

 - Cadê a Mariete?

- Está pegando as malas no carro.

- Deixa que eu vou lá ajudar.

Depois que tudo foi arrumado andaram pela extensão do rio, a temperatura estava muito agradável, a brisa suave parecia um leve carinho no rosto, o rio estava calmo e pedindo pra um mergulho, foi isso que fizeram durante toda a tarde se divertiram como nunca, tudo estava perfeitamente bem. A noite foi decidido que Washington contaria historias de terror enquanto se aqueciam na fogueira.

- Isso é bem coisa de vocês mesmo contar historias de terror em volta da fogueira, muito clichê. – Andressa falou bufando.

- Sai daí medrosa! Tá falando isso porque tá com medinho. – Mariete retrucou cutucando ela com um pedaço de madeira quente.

- Nada a ver gente, só não acho graça mesmo.

- Deixa que na hora de dormir eu te dou de mama “Dessa”. – Mariete riu tanto que quase caiu na fogueira, mas foi segurada por Washington.

O fogo finalmente se apagou e todos foram pras barracas dormir, mas Edson ficou alerta não conseguiu pregar os olhos, o rio estava com uma movimentação estranha, as ondas estavam fortes sem nenhum vento, ele tinha a impressão que alguma coisa ou alguém estava naquele rio enquanto todos dormiam.


O dia logo clareou e Edson contou a todos o que tinha sentido durante a noite, todos concluíram que era a imaginação de Edson, e ele mesmo se convenceu disso depois que caminhou por quase todo o rio.

- O que a gente vai fazer hoje? – Mariete estava animada.

- Vamos nadar peladas! – Rebeca foi tirando a roupa.

- Nada disso minha cara, mas até que não é uma má ideia pensando assim numa diversão maior. – Mariete falou envergonhada.

- Vocês estão loucas né? Escutou isso Washington? – Juliana não tinha gostado muito.
- Olha eu tenho que te dizer que não faço objeção.

- Eu não acredito nisso!

- Eu me recuso a ver isso. – Edson falou depois de receber um olhar de desaprovação de Juliana.

- Eu acho bacana, tô dentro. – Andressa finalmente se pronunciou.


No final de tudo todos foram nadar pelados no rio, e assim foi até a noite, Mariete pegou seu violão e começou a cantar, esse era um dos talentos dela, a fogueira alta e todos se divertindo. Tudo estava saindo perfeitamente na ultima noite, até que o barulho de alguma coisa caindo na água fez Mariete parar de tocar, um zumbido foi escutado de longe, aos poucos foi aumentando e se aproximando, agora parecia um coro, todos ficam tensos e sem saber o que fazer.

- Vamos pro carro rápido! – Mariete gritou, mas já era tarde eles estavam cercados, dezenas de mortos-vivos com a aparência gelatinosa estavam em toda a volta, homens, mulheres e até crianças com as mãos esticadas e olhando fixamente pra eles, alguns sem os olhos apenas um buraco vazio.

Washington e Edson pegaram pedaços de madeira com fogo e tentaram atacar, mas logo foram neutralizados por mais mortos-vivos que apareceram, pegaram seus braços e pernas e os levaram embora, as meninas estavam abraçadas desesperadas enquanto aos poucos eles se aproximavam. Andressa tentou correr e tropeçou na fogueira pegando fogo, enquanto queimava aos gritos ela foi levada pro fundo do mar.



Juliana e Rebeca no momento de desespero tentaram sair batendo nos mortos-vivos, e rapidamente foram derrubadas e mortas por pancadas, e como os outros foram levadas pro fundo do mar. Mariete ficou ali paralisada de medo, quando achou que tinha chegado o seu fim os mortos-vivos começaram a ir embora desaparecendo na mata.

Mariete depois de alguns segundos tentando assimilar o que tinha acontecido correu desesperada pro carro, suas mãos estavam tremendo mal conseguiu abrir a porta do carro, quando sentou no banco finalmente pode relaxar um pouco e começou a chorar pensando nos seus amigos, queria voltar e fazer alguma coisa, mas sabia que não seria capaz tinha que procurar ajuda, mas quando estava procurando as chaves do carro que não estavam no lugar onde havia deixado, ela escuta novamente os zumbidos e logo o coro de agonia novamente, centenas de mortos-vivos estavam atrás do seu carro e foram empurrando o carro pela mata até chegar no rio, Mariete tentou sair, mas estavam trancando a porta, foi jogada com seu carro pro fundo do mar, onde se afogou numa agonia horrível.


sexta-feira, 4 de março de 2016

O Homem do Terno Vermelho


Estou em uma cama sem conseguir me mexer, os médicos não conseguiram detectar qual era a minha doença, estou ciente de tudo que se passa ao meu redor, mas não consigo mexer parte alguma do meu corpo, é um pesadelo acordado, nem meus olhos se movem estou nesse tormento há quase um mês, torço pra alguém notar o meu sofrimento e desligar meus aparelhos, a única coisa que penso durante quase todo o dia é uma maneira de conseguir me suicidar, até agora não consegui nenhuma.


A noite é o pior momento, realmente não sei se consigo dormi, durante o dia eles colocam colírio nos meus olhos pra não secarem, pois não consigo nem piscar, de noite eles abaixam minhas pálpebras, mesmo assim continuo alerta, às vezes sinto passos por minha cama e alguém passando a mão no meu corpo. Estou começando a confundir realidade com fantasia, em uma noite esqueceram de baixar minha pálpebras a noite, eu vi vultos e um homem de terno vermelho parado na frente da minha cama, ele apareceu do nada como se fosse uma aparição, além do terno vermelho tinha uma corrente de prata com um bode na ponta, seu rosto era esquisito meio que distorcido e olhos totalmente pretos.

Na noite anterior essas supostas alucinações ficaram mais sérias, o homem de terno vermelho e cara estranha apareceu novamente, mas dessa vez não ficou contente em apenas me olhar, se aproximou lentamente com os olhos fixos em mim, parecia saber que eu estava consciente, aproximou seu rosto do meu e me beijou na boca, se eu tivesse forças teria vomitado, mas nem isso conseguia, senti na minha boca três línguas ásperas que se mexiam de um lado para o outro, estava apavorada, quem seria esse homem, e o que queria comigo?


Aquela boca de três línguas dentro da minha não foi o pior que aconteceu, ele puxou o lençol que me cobria lentamente, acariciou toda a extensão do meu corpo cada centímetro, foi tirando a minha roupa até um ficar completamente nua, continuou a me acariciar, eu fazia um esforço absurdo pra me mexer, mas em vão, estava ali indefesa sem conseguir gritar ou me mexer, era um prato servido dado de bandeja pro meu algoz.

Ele coloca a mão direita dele na minha frente e vejo suas unhas crescerem, meu coração estava prestes a explodir de aflição e medo, com meu corpo completamente nu, ele aranha toda a extensão dele, a dor era terrível, rezava pra morrer logo, mas não aconteceu, senti toda a dor. Comecei a me sentir mais fraca, minha visão ficou turva, não sei quando o homem desapareceu, pois continuo sentindo a dor como se estivesse sendo arranhada nesse momento.



Quando o dia amanhecei e meus familiares começaram a aparecer a gritaria e pânico foi descontrolado, todos preocupados e chorando tentando se comunicar comigo, passaram pomadas nos meus machucados me vestiram, e sempre alguém ficava agora junto comigo. Policias, médicos, vários apareceram, nenhum deles conseguiram desvendar o mistério da minha condição ou a origem de meus machucados, até que escutei alguém falando um nome, “Amberg”, eles deveriam chamar essa pessoa, ele poderia ajudar, pensei por esse nome que seria um médico alemão, mas quem apareceu um dia depois foi uma mulher com cara de poucos amigos, cabelos longos e pretos e um bafo horrível de bebida.

Ela subiu encima da cama, senti em mim os olhares apavorados de todos que estavam ali dentro observando, a dor dos meus machucados aumentou enquanto ela rezava em uma língua desconhecida pra mim, minha visão que estava turva voltou ao normal, parecia que tinha passado por mim uma aura positiva, estava revigorada. Depois que terminou a reza falou baixinho no meu ouvido – Vou entrar na sua mente, preciso que relaxe e pensa em quem está te atacando. – Senti uma força tentando entrar em minha mente, era esquisito, mas relaxei e pensei no homem de terno vermelho, tudo ficou preto e eu apaguei.


Despertei com a Amberg ainda encima de mim e suando parecia super cansada, falou novamente em meu ouvido. – Hoje à noite essa criatura vai voltar pra te atacar novamente, e quando ele fizer isso pense o mais forte que tu conseguir nessas palavras “Boa noite Zaki Ziraki, eu sei seu nome.”, faça isso e você também saíra dessa cama.

E aconteceu como ela previu, o homem de terno vermelho estava novamente na minha frente no dia seguinte, suas unhas já estavam grandes, veio pra cima de mim, mesmo com medo eu comecei a pensar “Boa noite Zaki Ziraki, eu sei seu nome.”, “Boa noite Zaki Ziraki, eu sei seu nome.”, fui repetindo até que isso foi expelindo ele aos poucos até que começou a se contorcer e pegou fogo desaparecendo em cinzas, logo que ele sumiu voltei a me mexer.


LENDAS URBANAS

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