"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Crônicas de Horror – O Circo, Capítulo 1



“A profecia se cumprirá, à cabeça do dragão rolará pelo chão trazendo dor ao mundo; Banhando todo o povo com sangue maldito; Assim será na próxima lua cheia e a maldição terá início, os inocentes pagaram pelos pecadores...”
Kah Dracovik



Karine Dracovik corria desesperada no meio da floresta densa e escura, seus pés já estavam em carne viva, tinha certeza que a maioria dos seus dedos estavam quase quebrados, seus joelhos não aguentavam mais a força que eram exigidos a fazer, em um momento de distração, ela bate de frente em uma árvore, seu rosto acertou em cheio o tronco, Karine sentiu seus dentes caírem na sua língua, seu nariz tinha virado um pedaço de carne ensanguentado, cai sentada no chão, olha ao redor esperando os seus perseguidores aparecerem à qualquer momento, mas nada aconteceu, sua dor era anestesiada pelo medo que poderia lhe acontecer caso eles a alcançassem, mas os galhos das árvores não se mexeram, foi um alivio, achou que os tinha despistado. Aos poucos com a luz da lua tocando o seu rosto, foi se curando dos ferimentos.


 Karine escuta o som alto de uma trombeta, nota que a luz da lua desaparece, uma enorme criatura de aproximadamente dez metros estava passando por cima dela, parecia uma aranha colossal, era bizarra, em cada perna centenas de olhos que quando passaram olharam diretamente pra ela, no corpo da aranha bestial diversas pessoas grudadas, Karine teve a nítida impressão que as pessoas grudadas estavam vivas e se mexendo. 

Demorou quase dois minutos pra aranha conseguir passar por completo, mas ela não teve descanso, assim que se levantou apareceram três criaturas distintas entre as árvores; uma das criaturas tinha dois metros de altura e formato humanoide, mas era incrivelmente branco como uma folha de papel, braços compridos, e o mais assustador sua boca cobria todo o seu rosto, quase cem dentes e três línguas compridas; a segunda criatura parecia um cavalo do inferno, ao invés da cabeça de cavalo tinha uma cabeça de um homem com chifres gigantes, e montado nesse bicho um corpo apodrecido sem cabeça; e por fim a terceira criatura, de longe parecia uma fada, tinha seios fartos e asas, mas quando se aproximou suas asas eram de morcego, e a medida que caminhava pingava do seu peito ácido que corroeu as plantas e o solo.


 Karine tentou se afastar, mas suas pernas não a obedeciam mais, a única coisa que conseguiam fazer eram tremer. Ela não teve a mínima chance, a primeira criatura arranca seu braço sem dificuldade, enquanto o sangue jorra ela grita de dor, o cavalo demoníaco com um galope pula encima e morde o seu outro braço arrancando-o quase por completo. Karine estava encostada na árvore esperando a sua morte, a “fada” se aproximou dela, com um leve movimento beijou a sua boca como se fosse a coisa mais prazerosa do mundo, no final do beijo a “fada’ arranca a sua língua, puxa por completo, a boca se enche de sangue e ela começa a se engasgar, a “fada” fala no seu ouvido, - Acorde.


Karine acorda na sua cama, estava suada da cabeça aos pés, tinha saído de um tormento horrível, um pesadelo dos piores possíveis, mas seu sofrimento não tinha acabado, quando seus olhos abriram, ela notou que todos os móveis do seu quarto, com exceção da sua cama, estavam no teto girando, ficou algum tempo apenas observando, assim que ela se mexeu na cama os móveis vieram abaixo com uma força incrível, cadeiras, armários ficaram destruídos, logo em seguida seus pais entraram preocupados e assustados com o que viram.

Na manhã seguinte...

- Não temos mais o que discutir Elizabeth, ela precisa ser internada imediatamente.

- Nossa filha só é diferente. – Ela falou derramando lágrimas, em seguida Karine entra na cozinha.

- Eu vou mãe, só pare de chorar. – Karine estava com grandes olheiras.

- Não Kah, eu te amo. – Elizabeth começou a chorar mais.

- O que aconteceu, Kah? – Seu pai perguntou.

- Eu não sei, sinceramente não sei, eu tive outro pesadelo horrível.

- Iguais aqueles?

- Muito pior dessa vez, parecia tão real e assustador, acho que vou enlouquecer se isso continuar.

- Então tu concorda em ver um médico? Vamos apenas consultar um por enquanto.

- Sim, qualquer coisa que possa me ajudar eu aceito, mas tenho certeza que não vai dar em nada.

- Tá falando isso por causa daquilo? – Teodoro falou baixinho.

- Sim.

- Como tu consegue fazer aquilo? – Ele continuou a falar baixinho.

- Eu sinto como se uma força viesse de dentro da minha cabeça.


Estava um lindo dia, sol estava radiante e soberano no céu, Teodoro dirigiu o carro com cuidado, durante todo o trajeto eles ficaram em silêncio, o único barulho que se escutava eram as tentativas de Elizabeth segurar o choro. O consultório não era muito longe, em vinte minutos já tinham chegado. Durante a consulta Karine teve diversos fios colocados na sua cabeça e peito, fez diversos procedimentos, mas o médico não chegou à conclusão nenhuma, eles teriam que esperar o resultado final dos exames.

Karine sem querer escutou uma conversa de seus pais depois que saiu do consultório, estavam discutindo se deveriam contar que ela era adotada, Karine quase riu, já sabia disso há anos, tinha detalhes genéticos hereditários que seu pais não tinham, foi até muito fácil descobrir, mas nunca se importou com isso, nunca sentiu isso como um peso na sua vida, e se eles decidissem mesmo conversar com ele, faria até cara de surpresa e talvez chorasse um pouco pra não decepcioná-los. Entrou no carro e eles mudaram de assunto, mesmo ficando uma tensão no ar, ela agradeceu, pois não estava muito a fim de conversar, muito menos sobre esse assunto.

Eles seguiram o caminho de volta pra casa, menos Karine que pediu pra ser deixada na igreja algumas quadras de casa, não era muito religiosa, mas com os últimos acontecimentos, se aproximou do padre da igreja.

Karine estava olhando pela janelo com o pensamento vago, quando notou um abutre enorme encima de um telhado, achou estranho esse tipo de pássaro na cidade, ainda mais desse tamanho, ele abre suas enormes asas pretas e levanta voo, com um rasante em alta velocidade ele bate na janela do carro assustando a todos, Teodoro quase perde o controle do carro.

- Vocês viram o que foi aquilo? – Teodoro perguntou assustado.

- Um abutre. – Karine falou olhando a janela trincada, esperando ver o corpo do pássaro.


Depois de todo o ocorrido estranho, Karine foi deixada na entrada da igreja enquanto seus pais seguiram pra casa. O vento soprou de maneira diferente, ela notou que algo estava errado, podia sentir esse tipo de coisa seu corpo tinha um certo alarme, seu coração disparou e suas pernas fraquejaram, o vento soprou mais forte e consigo trouxe um papel cor de rosa com uma frase bem grande escrita “O circo está na cidade”, o dia virou noite e Karine não estava mais em frente a igreja, estava em outro lugar.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Ônibus Fantasma




Jonas estava terminando de ver a sua série favorita, ele sabia que já era tarde, mas estava no final e queria terminar. Sentado na sala tinha a visão da televisão e também da janela que estava aberta por causa do calor, ela tinha uma visão direta pra rua, mas precisamente a avenida principal.


O apartamento era pequeno, dava pra escutar o ronco de sua mãe no quarto ao lado, ele estava sonolento, faltava um minuto pras três da madrugada, decidiu se deitar, quando foi fechar a janela viu um ônibus com as luzes apagadas passar pela rua em alta velocidade, achou estranho ele passar a essa hora, mas mesmo assim fechou a janela e foi se deitar.



No dia seguinte Jonas tinha que fazer um trabalho da faculdade, se perdeu no horário, quando viu já era de madrugada, e novamente o ônibus com as luzes apagadas passou, dessa vez teve a impressão que além das luzes estarem apagadas, o ônibus não tinha motorista.

Na noite seguinte Jonas ficou de vigia na janela esperando o ônibus passar novamente, mas pra sua decepção nenhum sinal do ônibus. Ele acorda de manhã com um sussurro no seu ouvido que dizia 33, Jonas tinha dormido na janela, olha pra todos os lados e não vê ninguém por perto.


Aquele ônibus virou uma obsessão na vida de Jonas, sua cabeça não parava de pensar nisso, depois de uma semana sem ver mais sinal do ônibus, ele começa a investigar. Pesquisou por diversos sites, e achou uma matéria sobre um grave acidente envolvendo um ônibus cinco anos atrás, onde trinta e uma pessoas morreram de forma violenta, depois que o ônibus caiu de um viaduto e pegou fogo com todos dentro. A matéria não dizia qual era a linha do ônibus, então ele teve que investigar mais a fundo.

Jonas foi a diversas empresas de ônibus, mas ninguém parecia saber ou não queriam dizer o que realmente tinha acontecido. Ele já estava cansado, suas pesquisas não chegavam a lugar nenhum, naquela mesma noite ele resolve esquecer tudo, aquele ônibus podia ser apenas um fruto da imaginação de uma mente cansada e com sono.

Passando de meia noite voltou a ver sua série favorita, mas logo adormeceu e foi acordado por uma voz que sempre repetia um nome, César Romero, quando percebeu que não era um sonho, se levantou assustado, antes que pudesse correr pra janela, o ônibus já havia passado, só pode escutar o seu barulho, olha no relógio e eram três da madrugada.

Jonas pesquisou no dia seguinte sobre esse César Romero, achou pouca coisa na internet, só encontrou uma foto dele, e ele já tinha visto esse rosto antes, em uma fotografia ao lado de sua mãe. Ele a esperou chegar em casa pra questiona-la, e teve um choque com a revelação, chorando muito sua mãe falou que esse era o seu pai, que os havia abandonado antes de Jonas nascer, e que morreu em um acidente de ônibus.


Jonas ficou transtornado com a noticia, agora que sabia que era o seu pai que tinha morrido no acidente, talvez ele quisesse mandar uma mensagem do além. Ele foi atrás da sua família que não conhecia e descobriu várias coisas sobre seu pai, e ele era mesmo o motorista do fatídico acidente, também ficou sabendo que a culpa da tragédia foi de seu pai, que tinha diversos problemas com álcool e drogas, uma crise de abstinência o fez desmaiar no volante e matar todos os trinta passageiros e ele mesmo.

Se foram 31 mortes, Jonas estava em dúvidas porque tinha escutado o numero trinta e três no seu ouvido, estava convencido que seu pai estava querendo se comunicar com ele, isso se tornou uma fixação na sua vida, durante um mês ele largou a faculdade, amigos, só queria saber de procurar um meio de se comunicar com seu pai, que de alguma forma estava conectado com aquele ônibus fantasma.

Durante o mês todo o ônibus desapareceu, nunca mais Jonas o viu, isso deixou ele noites sem dormir, sua vida tinha se tornado um inferno, mal comia, não falava com ninguém, estava mais parecendo um zumbi, sua obsessão tinha tomado conta.


Aquela noite estava diferente o ar estava carregado, seus sentidos diziam que alguma coisa iria acontecer nessa noite, e Jonas não ia fica apenas na janela olhando, ele desceu e esperou o ônibus no meio da rua, exatamente as três da madrugada, o ônibus apareceu na esquina.

Ele vinha em alta velocidade, o motorista distraído não viu Jonas no meio da rua escura, não era o seu ônibus fantasma, apenas um ônibus comum voltando mais tarde pra garagem, Jonas morreu na hora, quando abriu os olhos novamente estava dentro do seu ônibus fantasma, passando em frente a sua casa, uma criança segura a sua mão e diz:

- Que bom que se juntou a nós irmão, o papai está dirigindo, agora falta só sua mãe.

Ônibus passa novamente na frente de sua casa, Jonas vê sua mãe na janela e a chama.


LENDAS URBANAS

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