"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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domingo, 27 de maio de 2012

O Menino que Dançava com o Diabo



Carlos já não aguentava o choro da sua irmã recém nascida, ele estava com medo e assustado, sua mãe estava muito doente prestes a falecer, assim como o seu pai no ano anterior, esta doença misteriosa estava devastando a sua família e nenhum médico sabia o que era ou tinha uma cura. O gado já havia morrido, a plantação tinha secado, de uma prospera fazenda sobrou apenas um terreno baldio cheio de carcaças de animais, Carlos era muito jovem para conseguir um bom emprego e também pra cuidar da sua irmã recém-nascida, sua mãe está piorando cada vez mais, ela queimava feito brasa, gemia e suava, sua dor parecia terrível e sua morte era inevitável perante a situação, sua irmã não parava de chorar, Carlos estava no ápice do desespero, ainda tinha sobrado alguns bons móveis dentro da casa, Carlos então decide coloca-los na caminhonete de seu pai e vender na cidade pra comprar remédios.



Carlos chega na cidade muito assustado nunca tinha ido na cidade sozinho, muito menos dirigindo, na primeira rua que parou foi abordado por três homens que pareciam boas pessoas, mas assim que ele se distraiu roubaram a sua caminhonete com todas as suas coisas.

Desolado e com raiva Carlos vagava pela cidade sem rumo ou proposito até encontrar um mendigo com um cajado que se aproxima dele, o homem mancava e fedia muito.

- Meu filho, tens algum trocado pra esse pobre senhor?

- Nada velho, não tenho nem pra mim.

- O que lhe aflige meu filho.

- Quem é você velho?

- Sou apenas um homem cansado, com fome, me dê essas moedas do seu bolso.

- Claro que não velho, foi à única que me sobrou, não vou dar pra você.

- Quem dá aos pobres recebe em dobro do senhor, aqueles que dividem e não se apegam ao valor material preservam a sua alma no vale da sombra e da morte.

- O que você sabe da minha vida velho.

- Ela morrerá meu jovem, não ande pelo caminho da escuridão, as trevas consumiram a sua alma, Deus escreve certo por linhas tortas.



O velho desaparece como o vento no horizonte, o sino da igreja toca, Carlos decide ir até lá ver se conseguia uma doação ou algo do tipo, seus passos eram lentos e sem animo, ele desejou estar doente no lugar de sua mãe ou morto como seu pai, na última badalada do sino Carlos entra na igreja.

A igreja era grande, Carlos só estava acostumado com a pequena paróquia do seu vilarejo, ele olhava tudo com atenção enquanto procurava alguma coisa pra comer e beber. Um padre se aproxima dela, seu sorriso era uma mistura de malícia e bondade.

- Filho coma e beba alguma coisa, todos são bem vindos na casa do senhor.

- Obrigado, minha mãe está muito doente eu preciso de ajuda.

- Você faria tudo pra ver a sua mãe bem novamente?

- Sim senhor.

- Venha aqui fora meu filho, eu vou ser direto, eu posso salvar a sua mãe, posso cura-la da sua doença, mas tudo tem um preço meu jovem.

- Faça isso, por favor, mas eu não tenho dinheiro.

- Eu não quero dinheiro quero outra coisa sua.

- O que, eu faço o que for.

- Eu quero a sua  alma, vá pra casa tudo vai ficar bem e daqui um ano eu volto pra receber o meu pagamento.


A mãe de Carlos estava recuperada como se nunca tivesse estado doente na vida, passaram os meses e sua mãe estava feliz e não lembrava que esteve doente, Carlos agora se mantinha trancado em seu quarto, sua mãe havia mudado, o ignorava e não cuidava direito da sua irmã, pois todas as noites trazia um homem diferente pra sua cama. Carlos se achou enganado, tentou encontrar o padre novamente sem sucesso, então decidiu se trancar no seu quarto com diversos livros espirituais tentando desfazer o acordo, ele já estava ficando louco, passava dias sem comer, não saia do quarto de maneira nenhuma, mas no último dia do acordo com o padre ele escutou um barulho na sala e foi verificar, encontrou sua mãe bêbada e pra seu desespero sua irmã estava morta no chão e o homem que estava com sua mãe havia fugido, num ataque de insanidade e raiva Carlos golpeia sua mãe na cabeça a matando na hora, Carlos pegou uma corda e tenta se enforcar, mas não conseguiu morrer, o padre aparece na porta e diz calmamente pra Carlos.

- Nem pense nisso sua alma é minha.



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